terça-feira, 27 de janeiro de 2015

[Resenha] Vidas Secas - Graciliano Ramos



Título: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
Número de páginas: 174

Ok, vou ignorar o fato de fazer mais de 1 ano que não posto nada por aqui. hehe :x 

Tenho problemas com começar projetos e acabar desistindo deles logo depois de começar D: Mas esse ano as coisas vão ser diferentes!


O blog foi criado com o intuito de aprimorar minha escrita e minha capacidade de análise então acho que começar com resenhas de livros é uma boa ideia. O problema é vencer essa preguiça que suga minhas iniciativas kkkk


Então vamos lá. Trouxe a obra do famosíssimo Graciliano Ramos, autor brasileiro e de grande destaque na 2a fase Modernista, também conhecida como Regionalista. 


Sinopse: A história é sobre uma família de retirantes (Fabiano, Sinhá Vitória, Menino Mais Velho, Menino Mais Novo e Baleia, a cachorra) que está sempre fugindo da seca. Esta, por sua vez, promove uma desumanização das personagens, cuja expressão verbal é quase tão estéril quanto o solo castigado da região. A miséria causada pela seca, como elemento natural, soma-se àquela causada pela influência social, representada pela exploração dos proprietários de terra da região. 


Uma implicação dessa vida nômade dos sertanejos é a fragmentação temporal e espacial. Graciliano Ramos conseguiu captar essa fragmentação na estrutura ao utilizar um método de composição que rompia com a linearidade temporal, comum nos romances do século XIX. Os capítulos são relativamente independentes e, por isso, a obra também é conhecida como um "Romance Desmontável".


O narrador utiliza-se do discurso indireto livre e, desta forma, consegue ter acesso aos pensamentos das personagens, uma vez que os diálogos são escassos e muitas vezes não passam de grunhidos. Isso também provoca um outro efeito: o leitor sente uma maior proximidade com a vida dos personagens e suas angústias. 


Fabiano, pai dos meninos, sabe sobre sua condição "inferior" aos homens que conhecem as palavras. Nega a si mesmo a condição de homem e afirma sua condição de bicho. Mas isso não é de todo ruim pois, segundo ele, somente como bicho é capaz de sobreviver às condições severas da região. Prefere viver isolado das outras pessoas pois sente que sempre está sendo roubado ou explorado porque não sabia lidar direito com as palavras e nem com números. Sua descrição física é como o próprio local em que vive: cabelos e barba ruivos como a terra e olhos azuis profundos como o céu. 


Sinhá Vitória é robusta e forte. Seu sonho era ter uma cama de couro para dormir e odiava a cama de varas que possuíam. Fabiano sempre elogia a inteligência de sua mulher, tanto com os números que ela sabia contar como também sua visão sobre o que acontecia ao redor. Por exemplo:
 "O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado!" - capítulo: O Mundo Coberto de Penas. Fabiano acreditou que a mulher estava tresvairando (enlouquecendo) mas, após refletir por um tempo, percebeu a genialidade daquele comentário. Sim! As aves de arribação estavam matando o gado por roubarem a água que eles bebiam! 

Ps.: Ao meu ver, apesar de alguns desentendimentos, Fabiano e Sinhá Vitória possuem um relacionamento de respeito e admiração mútuos. (Fofos!)

Menino Mais Velho, assim como o pai, queria conhecer o significado das palavras. Custou-lhe acreditar que uma palavra tão bonita como Inferno pudesse significar algo tão horrível. 


Menino Mais Novo admirava o pai e queria ser um vaqueiro tão bom quanto ele.


Baleia é sem dúvidas a personagem mais queridinha do livro! A cachorrinha é provavelmente a personagem mais humana da história: procura ajudar a família em momentos de dificuldades e contenta-se com os ossos que sobram e alguns afagos que ganha dos meninos. Seu capítulo é, com certeza, o que mais comove o leitor.


Enfim, não achei a escrita enfadonha/cansativa e a narrativa foi bem prazerosa. Provavelmente é por causa do próprio estilo de Graciliano "A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." Recomendo a leitura desse clássico brasileiro para ampliar sua visão de mundo, assim como aconteceu comigo!

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